sábado, 12 de setembro de 2015

Potim, escola José Félix, rio Paraíba em setembro de 2015

Sexta chuvosa, fui levar as cadeiras de escritorio pra lavar no Tigrão no Potim, parei pra fazer uma visitinha rápida à igreja do Bom Jesus, olhar de longe a escola José Félix e a beira do Paraíba. 

E lá estava ele, como sempre esteve, lento e silencioso. 




Olhando as águas turvas e preguiçosas, me passou um filme pela cabeça, os tempos de escola no bairro, eu adolescente tímido mas cheio de sonhos apesar da fragilidade de garoto órfão. 

E haviam os dois irmãos de São Paulo Alfredo e Jonas, pai com alguns recursos tinha uma conta no bar que ficava bem na beira da ponte, uma vez fui com eles e pegaram uns doces, me deram uma mordida num chokito, foi muito bom. 

Hoje a escola não vai até a beira do rio, fizeram uma estradinha entre eles. 




domingo, 5 de dezembro de 2010

A Capela do Lar em Dezembro de 2010

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Geraldo e Isaac visitando a capela do Lar num Sábado qualquer de Dezembro de 2010. Gostosas saudades daquele tempo onde tantas missas assistimos nesse lugar e também outro tanto enorme de orações fizemos juntos com os frades. As missas eram bonitas e os meninos cantavam desbragadamente com a consciência tranquila da infância.

Um detalhe que acho muito interessante é que a Capela ainda exala exatamente o mesmo odor que tinha antigamente. Considerando que o olfato é o caminho mais rápido para as lembranças, é impossível não se emocionar no lugar no primeiro segundo depois de adentrar pela porta da frente.

As pinturas ainda são as mesmas, os bancos ainda são os mesmos, as estações da via sacra também ainda são as mesmas. Pouca coisa mudou.

Em silêncio concentrado lá na parte de trás, com os olhos fechados, dá para imaginar Frei Mariano sentado na beiradinha do último banco à direita e as vozes dos meninos ecoando os cânticos dentro do coração da gente.

Tudo bem que relembrar o passado só é bom até um certo ponto. Dentro dessa capela, convidados à reflexão no silêncio do espírito, acho que a gente fica bem próximo de encontrar esse limite.

A Capela do Lar em Dezembro de 2010

sábado, 4 de dezembro de 2010

Visita ao Lar com Isaac, uns 30 anos depois

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Combinamos de ir no Sábado de manhã e fomos mesmo. Isaac, como sempre foi naqueles tempos, continua sendo um cara decidido. Tudo que a gente combina com ele parece que tem sempre o tipo de resposta do tipo “só se for agora”. E aí, 9 da manhã já estava me ligando pra gente ir.

Procuramos uma padaria no bairro para tomar um café, demos uma volta pela praça principal mas as 2 que haviam lá não existem mais. Continuamos circulando e achamos uma lá no final do asfalto principal. Tomamos um café com leite bem quente enquanto já íamos reavivando a memória. Jako diz que não come pão de manhã. Eu comi um com margarina.

O portão do Lar estava destrancado, entramos, falamos com uma pessoa que estava preparando o salão de festas para um casamento que ia acontecer à noite. Salão de festas, quem diria, um dos nossos antigos galpões virou salão de festas que o frei aluga para ajudar nas despesas do Lar.

Entramos e tirei muitas fotos desde o portão da frente. E fomos rememorando um passado distante, Jako contando umas histórias, muitas delas que só me lembrei vagamente. A enfermaria, o banheiro onde tinha uma banheira agora virou uma consultório dentário que é utilizado pela Prefeitura do Potim. O antigo dormitório do Primeiro agora e a Câmara Municipal da cidade. O dormitório do Segundo estava fechado e nem deu pra ver no que se transformou.

Nossa antiga horta estava trancada com um cadeado. Pelo vão do arame deu pra ver que estava cheia de mato engolindo uns parcos pés de milho que alguém plantou – talvez o próprio frei Vítor.

E fomos andando até encontrar o frei Vítor que é o atual comandante do lugar. Ele um outro frei americano que nem aprendeu a falar Português. Só os dois lá. Ficamos conversando um tempão, Frei Vítor contando as agruras das últimas mudanças e os planos para o futuro. Conversamos bastante, atualizamos algumas informações, relembramos um pouco do passado, nosso só, porque frei Vítor não era da época.

E tiramos muitas fotos. Clique para ver.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

O Lar hoje

Morar aqui bem perto do Lar Monsenhor Filippo é muito estranho às vezes. É impossível passar por lá sem remeter o pensamento para os tempos antigos em que passamos tantos momentos em cada um daqueles pedaços. E volta e meia acabo me vendo indo praqueles lados. Hoje foi um dia desses. E foi especial.

Fui à Guará levar um carro para consertar o radiador numa oficina que fica perto do Ícaro no caminho que vai para a Aeronáutica e, o melhor caminho foi pela estrada Potim – Guará. Fui sozinho, deixei o carro e resolvi voltar a pé fazendo uma caminhada de 9KM. O tempo estava propício para uma caminhada, meio ameaçando chuva, uns pingos já caindo, meio calor mas sem sol. E voltei de boa mas, no Potim, resolvi entrar no Lar para dar uma espiada e tirar umas fotos que compartilho a seguir. As fotos mostram mais ou menos o caminho que fiz.

Aqui passando pela estrada em frente e olhando os prédios pelo lado do galinheiro.

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Um pouco modificado, aqui as costas do prédio onde era o dormitório do “Primeiro”. Colocaram essa estátua de um frade franciscano como memória do lugar e construíram um muro separando as unidades que hoje estão sendo usadas pela Prefeitura do Potim.

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Na entrada da portaria principal onde sempre ficava um garoto de plantão para receber e anunciar as visitas, agora tem uma espécie de guichê onde havia um adolescente de plantão. Perguntei se a Capela estava aberta, não estava, perguntei dos frades, ele me disse que só tem o Frei Vítor e um outro que veio dos Estados Unidos e nem fala Português ainda. Não conheço nenhum dos dois e também não os vi.

Na portaria ainda tem o quadro de Monsenhor Filippo. Dei uma espiada pelo corredor onde ficavam os quartos. Um deles foi o meu último, o mesmo em que eu estava quando Frei Mariano me disse que minha hora de ir tinha chegado.

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Uma espiada rápida no corredor em frente à Capela deu pra ver que haviam crianças com uma professora, virei à direita, vi o jardim onde a gente plantava cravos e margaridas e o flanco direito da Capela.

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Desci pelo corredor do lado do refeitório, dei uma espiada dentro, está tudo muito diferente. Imaginei que aquelas mesas onde a gente comia já devem ter se acabado. Atrás da sacristia do lado da Capela tem uma pequena parreira de uvas. Deu pra ver que o flanco da capela lá em cima está perigosamente rachado.

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Aqui umas das imagens que mais me dá saudades. O galpão do “Primeiro” e o flamboyant do lado. Veja como as raízes cresceram descontroladamente. É a mesma árvore que presenciou todas as nossas brincadeiras nesse pequeno pedaço de paraíso. Jako cogitou de a árvore estar doente e eu imaginei que até pode estar doente de saudades.

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E saindo do outro lado, beira do rio, uns carinhas pescando lá embaixo.

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É isso aí. Volta e meia essa é a vista que tenho de um lado e de outro. Mas o melhor de tudo mesmo é poder entrar, se sentar em algum canto e deixar a mente viajar.

Na próxima oportunidade vou tirar fotos de dentro da Capela.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Farofa de içá (tanajura)

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E chegava Novembro, vinham o içás e saíamos todos pelos pastos a for a pegando tantos quanto podíamos. Com nossas camisas de brincar, a única que a gente usava a semana toda, jogando para o alto para pegá-los antes que caíssem no chão.

Com tantos caçadores, no final do dia eram litros e litros. As cozinheiras faziam a farofa tão deliciosa e também tão cheirosa que acho que recendia no bairro inteiro.

Minha avó sempre dizia que içá dava pereba na gente mas eu comia assim mesmo já que Frei Mariano nunca disse o contrário. Nunca tive pereba causada por içá mas hoje a idade me trouxe a apreciação por outros sabores.

Mas ainda caço içá sempre que posso, tanto para recordar os tempos gostosos da infância, quanto para evitar que novos formigueiros se formem por aí.

Frei Mariano e os animais

Frei Mariano, no meu ponto de vista, sempre teve uma personalidade muito forte e usava isso para ensinar os menores sempre que tinha oportunidade. Aliás, só de lembrar da figura dele eu mesmo já me lembro do monte de coisas que aprendia o tempo todo.

Um dia, fazendo faxina, tirando teias de aranha dos galpões, matando umas e outras, me lembro que tinha garoto que estava meio preocupado de ter que matar tantos bichos daquele jeito, Frei Mariano chegou e disse:

--- O Homem é o animal superior a todos os outros e, portanto, não tem nenhum problema em se desvencilhar dos bichos que o atrapalham.

Claro que, nesse caso específico, estava falando das aranhas e outros insetos que a gente ia matando durante a limpeza. Isso tranquilizou nossa consciência.

Mas houve outras oportunidades que nos deixavam sempre meio amedrontados com a frieza do Frei. Jako (o famoso “Véia”) já comentou da matança de porcos e lembrou também da matança dos coelhos que a gente criava em cercados debaixo da sebe. Acho que, claro, Frei Mariano sempre procurava momentos de mais tranquilidade, momentos em que havia menos gente vendo, mas sempre tinham aquelas sessões de matança de coelhos que depois era preparados pelas cozinheiras e, me lembro bem, caíam muito bem no prato do almoço ou jantar. Jako tem a recordação que era uma forma de a gente ter mistura boa nas refeições. Eu, sinceramente, não me lembro assim tão poeticamente. Só que apreciava muito a carne daqueles danadinhos.

E haviam os cachorros do bairro que invadiam o local de vez em quanto e faziam um estrago danado matando alguns coelhos. E Frei Mariano ficava muito bravo com aqueles vira-latas.

Aí vieram as armadilhas e, um dia, mais um episódio do triste ensinamento em que o homem tem o direito de se livrar de animais que lhe tragam prejuízo. Esse foi muito chocante mas entendo hoje que ficou o cerne do ensinamento na minha memória. Hoje tenho muitos cachorros e nunca teria a coragem de me livrar de qualquer um deles mesmo que estivessem me causando algum problema – mas aí já é outra história.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Escola primária

Bons tempos da escola primária, a grande maioria dos alunos era do “Primeiro”. Sim, a gente chamava de “Primeiro” a turma do Frei Mariano e de “Segundo” a turma de meninos provavelmente acima de 12 anos que ficava do outro lado. Frei Rogério e Frei Bosco são 2 dos frades que lembro que eram responsáveis pela turma do “Segundo”.

Nessas fotos aí, um dia raro quando alguém deve ter aparecido com uma câmera e as professoras da escola primária saíram para tirar umas fotos com a garotada, quase todos do “Primeiro”.

Dá pra ver o campo de futebol atrás, ladeado pela cerca viva que a gente chamava de sebe.

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