segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Frei Mariano e os animais

Frei Mariano, no meu ponto de vista, sempre teve uma personalidade muito forte e usava isso para ensinar os menores sempre que tinha oportunidade. Aliás, só de lembrar da figura dele eu mesmo já me lembro do monte de coisas que aprendia o tempo todo.

Um dia, fazendo faxina, tirando teias de aranha dos galpões, matando umas e outras, me lembro que tinha garoto que estava meio preocupado de ter que matar tantos bichos daquele jeito, Frei Mariano chegou e disse:

--- O Homem é o animal superior a todos os outros e, portanto, não tem nenhum problema em se desvencilhar dos bichos que o atrapalham.

Claro que, nesse caso específico, estava falando das aranhas e outros insetos que a gente ia matando durante a limpeza. Isso tranquilizou nossa consciência.

Mas houve outras oportunidades que nos deixavam sempre meio amedrontados com a frieza do Frei. Jako (o famoso “Véia”) já comentou da matança de porcos e lembrou também da matança dos coelhos que a gente criava em cercados debaixo da sebe. Acho que, claro, Frei Mariano sempre procurava momentos de mais tranquilidade, momentos em que havia menos gente vendo, mas sempre tinham aquelas sessões de matança de coelhos que depois era preparados pelas cozinheiras e, me lembro bem, caíam muito bem no prato do almoço ou jantar. Jako tem a recordação que era uma forma de a gente ter mistura boa nas refeições. Eu, sinceramente, não me lembro assim tão poeticamente. Só que apreciava muito a carne daqueles danadinhos.

E haviam os cachorros do bairro que invadiam o local de vez em quanto e faziam um estrago danado matando alguns coelhos. E Frei Mariano ficava muito bravo com aqueles vira-latas.

Aí vieram as armadilhas e, um dia, mais um episódio do triste ensinamento em que o homem tem o direito de se livrar de animais que lhe tragam prejuízo. Esse foi muito chocante mas entendo hoje que ficou o cerne do ensinamento na minha memória. Hoje tenho muitos cachorros e nunca teria a coragem de me livrar de qualquer um deles mesmo que estivessem me causando algum problema – mas aí já é outra história.

4 comentários:

HENRIQUE (TATUIRA) disse...

Me lembro...alguns cães morreram enforcados....por algum tempo eu fui responsavel por cuidar e alimentar os coelhos (lebres)

abraço

Unknown disse...

Morei muitos anos ele educação nos meninos na base do vou dar um pé no ouvido. Fora ele tinha o Frei Pedro. Frei Marcos. Frei João....eu tenho 60 anos mas .Me lembro de tudo

Unknown disse...

Eu ia lá na hora que o Frei Mariano ia enforcar os cachorros e os levava nos lá pra trás do chiqueiro e jogávamos os mesmos no rio

Unknown disse...

Sai de lá em 1977 ele se chamava Álvaro Pereira de Paiva ou Frei Mariano de Paiva natural do Rio de Janeiro .