A motoca do Frei

Frei Mariano tinha uma motona preta que era marca registrada dele. O povo do Potim, de Aparecida e muita gente de Guará já estava acostumado àquela figura do Frei pilotando aquela moto barulhenta. E tinha vezes que ele ia de batina, aí é que a figura ficava ainda mais típica.

Mas o Frei Mariano, analisando hoje, também era meio maluco. A certa altura de nossas vidas, ele começou a ensinar alguns de nós a pilotar a moto. Quando chegou a minha vez, foi como se a vida tivesse passado por um marco, uma nova era cheia de novas sensações de felicidade. A gente nem tinha habilitação e o Frei, que hoje vejo como meio maluco por isso, nos deixava inclusive andar pelo bairro. Logo começamos a usar a moto para fazer pequenos serviços pontuais no bairro. Coisas como encomendar saco de pão para o lanche da tarde ou comprar um remédio na farmácia.

Falando em remédio, uma vez saí eu para comprar um remédio na Farmácia do Alemão que fica a uma certa distância do Lar e tinha que passar por umas estradinhas de terra. A alegria era tão grande e também a liberdade por estar longe dos olhos críticos do Frei, que eu acelerei à vontade, corri bastante mesmo, na ida e na volta da farmácia. Quando cheguei de volta, fui pegar o remédio e percebi que tinha caído da bolsa lateral da moto devido à velocidade e aos solavancos da estradinha de terra.

Voltei, procurei e, não me lembro, devo tê-lo encontrado. Pelo menos foi bom ter que voltar e ter mais uma oportunidade de dar mais uma volta naquela moto deliciosa.

Teve um uma vez que caiu um tombo grande e quebrou algumas partes da moto. Coisa que o Frei, pacientemente, arrumou e, mesmo assim, continuou deixando a gente dar umas voltas.

Tenho saudades daquela máquina e gostaria de encontrar algumas fotos para relembrar. Se você se lembra como era, entre em contato.