Ontem, Isaac me lembrou de algumas músicas daquele tempo, me mandou um vídeo com uma música do Queen e acertou na mosca. Realmente houve uma época, principalmente depois que a gente entrou na adolescência, onde a música estava sempre presente em nossas vidas, apesar de que não era muito fácil a gente ter uma oportunidade prá ouvir discos ou mesmo rádio. Frei Mariano, no dormítório do Primeiro, tinha um rádio que sempre sintonizava na rádio globo para ouvir futebol e comentários sobre futebol, principalmente dos times do Rio, já que Frei Mariano era um carioca saudoso e da gema como ele mesmo dizia, torcedor do América Futebol Clube. Mas esse assunto, se desenrolar, vai nos levar a outros temas daquele tempo.
Me lembro bem do tal do Mário Viana que sempre comentava o futebol do Riool e ainda tinha aquela musiquinha: "Mario Viana quando fala tá falado, ele é muito respeitado...". Esse tipo de coisa ficou profundamente registrado na minha mente, já que esse rádio sempre ficava ligado à noite e, muitas noites, acho que o Frei o esquecia ligado e todos nós acabávamos dormindo com aquele som martelando nosso cérebro durante o sono.
Houve ainda uma época em que, não me lembro de onde, apareceu um aparelho de som, acho que um toca-discos, lá no galpão do Primeiro. Nessa época a gente já era bem grandinho e gostava de curtir umas músicas do Bee Gees e Santa Esmeralda. Nosso amigo Josué acabou conseguindo alguns LP's que nos acompanhou até um certo tempo depois que a gente saiu do Lar. Josué era o dançarino (por onde anda o Josué, alguem tem notícias?). Nós outros bem que tentávamos, mas o gostoso mesmo era quando conseguíamos dar uma escapulida à noite para frequentar uns bailinhos no bairro. Eita como era bom!!!
Num certo período, eu também consegui uma vitrola velha e uns discos alemães dos frades. Havia um disco de um garoto que cantava em alemão umas músicas muito bonitas. Um dia, completamente fora da realidade, achei que todos iriam gostar daquela música se a gente tocasse no refeitório. Completamente fora da realidade mesmo.
... e meu pai, que sempre trabalhou com conserto de rádio e TV, numa das tantas desventuras da época, acabou tendo que deixar comigo um rádio com toca-fitas estéreo. Esse aparelho ficou comigo um bom tempo e, desde então, nasceu esse gosto de sempre ter por perto aparelhos de som. Frei Mariano tolerou por um tempo mas logo começou a implicar. Como o quarto ficava ali bem no começo do corredor da clausura, era sempre difícil ouvir qualquer coisa sem fazer barulho e chamar a atenção do Frei.
O tempo passou e, agora me lembro bem, no dia que fiquei sabendo que teria que deixar o Lar, foi exatamente o dia em que cheguei de férias com um novo rádio nas mãos, entrei no quarto, coloquei-o sobre a mesa, liguei, e logo em seguida Frei Mariano bateu à porta e comunicou sua decisão que me marcou pelo resto da vida. Tudo ao som de MPB da Rádio Aparecida...
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